terça-feira, 2 de junho de 2015

Formiguinha e a neve

NARRADOR: Certa manhã de inverno, uma formiguinha saiu para o seu trabalho diário. Já ia muito longe a procura de alimento, quando um floco de neve caiu e prendeu o seu pezinho. Aflita, vendo que não podia se livrar da neve, iria assim morrer de fome e frio, voltou-se para o sol e disse:
FORMIGINHA: Ó sol, tu que és tão forte, derrete a neve que prende o meu pezinho!
NARRADOR: E o sol indiferente nas alturas, falou:
SOL: Mais forte do que eu, é o muro que me tapa.
NARRADOR: Olhando, então para o muro, a formiguinha pediu:
FORMIGINHA: Ó muro, tu que és tão forte, que tapas o Sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
NARRADOR: E o muro que nada vê e muito pouco fala, respondeu apenas:
MURRO: Mais forte do que eu, é o rato que me rói!
Voltando-se então, para um ratinho que passava apressado, a formiguinha suplicou:
FORMIGINHA: Ó rato, tu que és tão forte, que róis o muro que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
NARRADOR: Mas o rato, que também ia fugindo do frio, gritou de longe:
RATO: Mais forte do que eu, é o gato que me come!
NARRADOR: Já cansada, a formiguinha pediu ao gato:
FORMIGINHA :Ó gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho.
NARRADOR: E o gato sempre preguiçoso, disse bocejando:
GATO: Mais forte do que eu, é o cão que me persegue!
NARRADOR: Aflita e chorosa, a pobre formiguinha pediu ao cão:
 FORMIGINHA :Ó cão, tu que és tão forte, que persegues o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho.
NARRADOR: E o cão, que ia correndo atrás de uma raposa, respondeu sem parar:
CACHORRO: Mais forte do que eu, é o homem que me bate!
NARRADOR: Já quase sem forças, sentindo o coração gelado de frio, a formiguinha implorou ao homem:
FORMIGINHA Ó homem, tu que és tão forte, que bates no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho.
NARRADOR:E o homem, sempre preocupado com o seu trabalho, respondeu apenas:
HOMEM: Mais forte do que eu, é a morte que me mata.
Trêmula de medo, olhando para a morte que se aproximava, a pobre formiguinha, suplicou:
FORMIGINHA:Ó morte, tu que és tão forte, que matas o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho.
NARRADOR: E a morte impassível, respondeu:
MORTE: Mais forte do que eu, é Deus que me governa!
NARRADOR: Quase morrendo, então a formiguinha rezou baixinho:
FORMIGINHA: Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte, que mata o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho.

NARRADOR: E Deus então, que ouve todas as preces, sorriu, estendeu a mão, por cima das montanhas e ordenou que viesse a primavera. No mesmo instante, no seu carro de veludo e ouro, a primavera desceu por sobre a Terra. Enchendo de flores os campos, enchendo de luz os caminhos. E vendo a formiguinha quase morta, gelada pelo frio, tomou-a carinhosamente entre as mãos e levou-a para seu reino encantado. Onde não há inverno, onde o sol brilha sempre, e onde os campos estão sempre cobertos de flores! 

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